Freud era por natureza e paixão um escritor antes de mais nada e se dizia um cientista por necessidade. Em uma entrevista de Sigmund Freud ao escritor italiano Giovanni Papini, realizada em Viena, em maio de1934 (ANSERMET. Prefácio. In: GROSRICHARD. La psychose dans le texte, 1989), Freud disse que: “Todo mundo acredita que eu me atenho inicialmente ao caráter científico de meu trabalho e que minha meta principal é o tratamento das enfermidades mentais. É um tremendo erro que tem prevalecido durante anos e que tenho sido incapaz de corrigir. Eu sou um cientista por necessidade e não por vocação. Sou, na verdade, por natureza, artista [...] e disso existe uma prova irrefutável: em todos os países onde a Psicanálise tem penetrado, tenho sido mais bem compreendido e aplicado pelos escritores e artistas que pelos médicos. Meus livros, de fato, se parecem mais a obras de imaginação que a tratados de patologia [...] eu tenho podido cumprir meu destino por uma via indireta e realizar meu sonho: seguir sendo um homem de letras, mesmo que sob a aparência de um médico. Em todo grande homem de ciência está o gérmen da fantasia; mas nenhum propõe, como eu, traduzir a teorias científicas a inspiração que a Literatura moderna oferece. Na Psicanálise, o senhor encontrará reunidas, mesmo que transformadas em jargão científico, as três grandes escolas literárias do século XIX: Heine, Zola e Mallarmé estão reunidos em minha obra sob o patrocínio de meu velho mestre, Goethe.” Portanto, Freud era um gênio escritor, que amava literatura.
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