quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

O QUE NOS FAZ HUMANOS?

Em reportagem excelente, da Folha de São Paulo de 16 de janeiro de 2024, denominada 5 perguntas intrigantes que a ciência ainda não conseguiu responder, dentre as cinco mencionadas está a que mais me chamou a atenção: O que nos faz humanos? É uma questão que se torna a cada dia mais difícil de responder, argumenta o artigo. Antes havia aspectos que pareciam excepcionalmente humanos: a linguagem, o reconhecimento de nós mesmos quando nos vemos refletidos, a capacidade de criar e usar ferramentas ou resolver problemas complexos. Mas animais como polvos e corvos, além de outros que aqui não vem ao caso, gradualmente eliminaram esse complexo de superioridade. Também se descobriu que o genoma humano é 99% idêntico ao de um chimpanzé. Isso irrita e muito os supremacistas. É verdade que os nossos cérebros são maiores que os da maioria dos animais: temos, por exemplo, três vezes mais neurônios que os gorilas. Mas considerando que animais como o elefante nos superam nesse quesito, não parece que a resposta esteja aí. É devido ao córtex frontal mais espesso? Ou o polegar oposto? Talvez a nossa cultura, ou a habilidade de cozinhar, ou o nosso domínio do fogo? Talvez cooperação, compaixão e partilha de competências? Mas é isso que nos torna humanos ou simplesmente dominantes? Essas questões acima foram colocadas no mencionado artigo, mas para mim faltou uma consideração, e aí vai para os que tem a capacidade de entender o que eu vou falar agora. Para mim o que nos diferencia dos animais é a capacidade de agirmos, mais que nossos irmãos de outras espécies, em desacordo com nossa carga genética, ou seja nossos instintos lá gravados. Vou dar um exemplo, que já dei anteriormente, que é o do gato, um gato nasce e ele gateia como todos os gatos, ele é condicionado a agir como tal, pelos seus genes, vejamos, se você trancar este felino num quarto e deixar alpiste e terra para ele comer, ele não comerá, ele vai morrer de fome mas não comera o alpiste e a terra, porque gatos não comem alpiste, muito menos terra, já nós seres humanos comeríamos o alpiste, a terra, o gato e tudo o mais que encontrássemos, ou seja, a resposta esta na nossa capacidade de nos adaptarmos a tudo, ao contrário dos outros animais, desprezando em grande parte a nossa carga genética, os nossos instintos. Por favor não tomem este exemplo como um experimento científico, mas como uma ferramenta de argumentação. Não falo de ser onívoro, como alguns outros animais são, falo na capacidade de adaptação que é o único mecanismo que nos permite progredir em todos os sentidos, principalmente aliados a capacidade de aprendizagem e a capacidade de mobilidade. Adaptar-se é dar respostas adequadas a situações de mudança, se fossemos escravos de nossos genes essa capacidade se limitaria e só nos adaptaríamos de fora para dentro e nunca de dentro para fora que é o caso da nossa espécie. Quando falo de fora para dentro falo na influência do meio nas transformações de todas as espécies o que possibilita a evolução e sobrevivência consequentemente. Temos uma capacidade única de entender o meio em que vivemos, as condições, as peculiaridades, interpretar e propor soluções, criar perguntas, mais que respostas e por isso evoluímos. Temos a capacidade de transcendência, pensar com mais criatividade, saber como perceber oportunidades em meio à tempestade. Ser capaz de aceitar o incerto, de processá-lo sem ansiedade, sem medo ou resistência, não só facilita uma melhor adaptação como prova o quanta plasticidade nosso cérebro é capaz de ter. Por isso suplantamos os nossos genes e deixamos de agir por instinto mais que outras espécies.

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