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domingo, 26 de outubro de 2025

Foi divulgado na imprensa: Maurício Ribas e a virada silenciosa: de heróis em guerra à batalha interior

Por muito tempo, Maurício Ribas foi reconhecido como um autor que dominava o terreno da ficção histórica e da literatura de guerra. Em *Glória aos Heróis*, seu romance mais conhecido, ele constrói uma narrativa tensa e visceral, ambientada no conflito ucraniano, onde o protagonista André Katyuk Richter enfrenta dilemas éticos em meio ao caos bélico. A obra é marcada por ritmo acelerado, linguagem direta e uma atmosfera de urgência — tudo que se espera de um romance de trincheira. Mas com *Turning Point: Até que ponto você mudaria a sua história?*, Ribas realiza uma virada literária que surpreende e revela uma nova camada de sua voz autoral. O cenário agora não é um campo de batalha, mas a memória. O inimigo não é externo, mas o tempo. E o conflito não se dá entre nações, mas entre versões de si mesmo. ## Do épico ao íntimo A transição entre os dois livros é mais do que temática — é estrutural. *Turning Point* abandona o épico para abraçar o íntimo. O protagonista não busca glória, mas redenção. Ele revisita momentos decisivos da vida, confronta escolhas mal feitas e se pergunta, como o título sugere, até que ponto seria possível reescrever sua história. Essa mudança de eixo narrativo — do mundo externo para o mundo interno — revela um autor que se permite explorar novas camadas da experiência humana. Ribas troca o uniforme militar pela roupa civil da alma, e convida o leitor a fazer o mesmo. ## Estilo narrativo: da ação à contemplação Em *Glória aos Heróis*, a linguagem é técnica, objetiva, quase jornalística. Já em *Turning Point*, a prosa se torna lírica, reflexiva, com pausas que permitem ao leitor respirar junto com o personagem. O tempo narrativo se dilata, e o silêncio entre as palavras ganha protagonismo. Essa mudança aproxima Ribas de autores como Julian Barnes ou Milton Hatoum, que trabalham com a memória como matéria-prima da ficção. A guerra agora é emocional, e o campo minado é o passado. ## Temas: da coragem física à coragem emocional Enquanto o romance anterior trata da coragem em campo — enfrentar o inimigo, proteger aliados, sobreviver — *Turning Point* aborda a coragem de revisitar o passado, de encarar arrependimentos, de aceitar que nem tudo pode ser consertado. É uma obra sobre tempo, escolhas e identidade — temas universais que transcendem fronteiras e contextos. ## Construção do protagonista A evolução do protagonista entre os dois livros é notável. André, antes um homem em conflito com o mundo, torna-se um homem em conflito consigo mesmo. A complexidade psicológica se aprofunda, e o personagem se torna mais humano, mais falível — e, por isso, mais próximo do leitor. ## Conclusão: maturidade literária A virada de Maurício Ribas não representa uma ruptura, mas uma evolução. Ele mostra que é capaz de transitar entre gêneros, estilos e atmosferas sem perder sua identidade literária. *Turning Point* é uma obra que marca não apenas um ponto de inflexão na vida do personagem, mas também na trajetória do autor. Ao trocar o barulho das armas pelo sussurro da memória, Ribas nos lembra que há batalhas que não deixam cicatrizes visíveis — mas que moldam quem somos de forma ainda mais profunda.

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