"Bem-vindo ao espaço literário de Mauricio Ribas! Aqui, compartilho minha jornada como escritor, explorando histórias, reflexões e debates sobre leitura e escrita. Se você ama literatura e busca inspiração, este blog é o seu ponto de encontro!"
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domingo, 12 de outubro de 2025
Se eu me calar as pedras falarão
Jesus, filho de Maria, entrou em Jerusalém montado em um jumentinho, em um episódio conhecido como a Entrada Triunfal. Multidões de discípulos o saudavam com alegria, proclamando: “Bendito é o Rei que vem em nome do Senhor!”. Incomodados com essa aclamação pública, alguns fariseus pediram que Jesus repreendesse seus seguidores. Ele então respondeu com uma frase poderosa: a verdade e a glória de Deus não podem ser silenciadas; se os homens se calarem, até as pedras clamarão.
As pedras, aqui, simbolizam a própria natureza como testemunha da ação divina. Jesus sugere que a revelação não depende da aprovação humana — ela é inevitável. Essa resposta desafia qualquer tentativa de suprimir a expressão da fé, mostrando que a verdade transcende o controle religioso ou político.
Estou escrevendo um livro, provavelmente intitulado “Isaac e Ishmael”, um romance histórico que narra a saga de palestinos e judeus nos últimos 108 anos. Meu objetivo é expor ao mundo a verdade, ainda que sob o véu da ficção, como dizia Eça de Queiroz. É importante destacar: a verdade transcende o controle político. Essa convicção nos fortalece, pois, se nos calarmos, as pedras falarão.
Na Palestina ocupada, as pedras não são apenas objetos; são vestígios de casas demolidas, ruínas de aldeias apagadas, túmulos sem nome. Elas guardam a memória dos que foram expulsos, dos que morreram, dos que resistem em silêncio. Assim como na fala de Jesus, as pedras em minha narrativa são metáforas da verdade que insiste em emergir, mesmo quando tentam silenciá-la.
Isaac e Ishmael, na obra, simbolizam linhagens entrelaçadas — dois povos que, apesar da dor, compartilham raízes. A paz não virá da negação do sofrimento, mas da escuta profunda do que foi silenciado. É preciso falar, não para acusar, mas para lembrar. E lembrar é o primeiro passo para a reconciliação.
Renunciar à violência é fundamental. Gandhi liderou a independência da Índia contra o Império Britânico com a “força da verdade”, escolhendo a resistência moral e a não violência, mesmo diante de um regime brutal. Mandela, que inicialmente apoiou ações armadas contra o apartheid, após 27 anos de prisão, emergiu com uma visão transformadora: a liberdade não se conquista com vingança, mas com reconciliação. Portanto, para resolver a questão palestina, é necessária uma profunda transformação humana.
Linha do tempo do conflito Israel–Palestina:
• 1897–1917: Raízes do conflito
o 1897: Primeiro Congresso Sionista propõe a criação de um lar nacional judaico.
o 1917: Declaração Balfour (Reino Unido) apoia a criação de um Estado judeu na Palestina.
• 1918–1947: Mandato Britânico
o Palestina sob administração britânica após a queda do Império Otomano.
o Crescimento da imigração judaica e aumento das tensões com a população árabe local.
• 1947–1949: Partilha e Guerra
o 1947: ONU propõe a divisão da Palestina em dois Estados (judeu e árabe).
o 1948: Criação do Estado de Israel e início da primeira guerra árabe-israelense.
o Cerca de 700 mil palestinos são deslocados (Nakba).
• 1956–1973: Guerras regionais
o 1956: Crise de Suez — Israel invade o Sinai com apoio britânico e francês.
o 1967: Guerra dos Seis Dias — Israel ocupa Gaza, Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Golã.
o 1973: Guerra do Yom Kippur — Egito e Síria atacam Israel; conflito termina com cessar-fogo.
• 1987–1993: Primeira Intifada
o Levante popular palestino contra a ocupação israelense.
o Surgimento do Hamas como força política e militar.
o 1993: Acordos de Oslo — tentativa de paz e criação da Autoridade Palestina.
• 2000–2005: Segunda Intifada
o Estopim: visita de Ariel Sharon à Esplanada das Mesquitas.
o Intensificação de ataques suicidas e repressão militar.
o Milhares de mortos de ambos os lados.
• 2006–2014: Conflitos em Gaza
o 2006: Hamas vence eleições palestinas.
o 2008–2009: Operação Chumbo Fundido — Israel bombardeia Gaza.
o 2014: Guerra de 50 dias — mais de 2.200 palestinos mortos, 70 israelenses.
• 2018–2021: Tensões recorrentes
o Protestos na fronteira de Gaza resultam em centenas de mortes.
o 2021: Conflito em Jerusalém e nova escalada militar entre Israel e Hamas.
• 2023–2025: Guerra em Gaza
o 7 de outubro de 2023: Hamas lança ataque surpresa, matando mais de 1.200 israelenses.
o Israel responde com ofensiva massiva — mais de 67 mil palestinos mortos até 2025.
o Negociações de paz mediadas por Donald Trump em andamento.
Diante de tanta dor e resistência, é impossível não se comover e se indignar com o nosso silêncio, porque se as pedras começarem a falar é porque falhamos como humanidade. A metáfora aqui apresentada, nos lembra que, mesmo quando a voz humana é calada ou se cala por covardia ou oportunismo, a verdade encontra caminhos para se manifestar. O sofrimento de palestinos e judeus, entrelaçado ao longo de gerações, clama por reconhecimento e escuta.
A esperança de reconciliação nasce justamente desse ato de lembrar e dar voz ao que foi silenciado. Não se trata de buscar culpados, mas de reconhecer a humanidade compartilhada, a dor comum e o desejo profundo de paz. O caminho é difícil, mas só será possível quando houver coragem para ouvir, dialogar e transformar a dor em aprendizado.
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sábado, 30 de agosto de 2025
Foi divulgado pela Imprensa
📰 **Cultura & Literatura | Destaque Nacional**
### Romance sobre amor e guerra é finalista do 2º Prêmio Candango de Literatura
**Brasília** — O romance *Glória aos Heróis: Um Amor em Meio à Guerra da Ucrânia*, do escritor curitibano Maurício Ribas, foi anunciado como finalista na categoria Romance do 2º Prêmio Candango de Literatura, uma das mais prestigiadas premiações literárias do país.
A obra, publicada pela editora Ipê das Letras, narra a trajetória de André Katyuk Richter, um ex-militar brasileiro que se muda para a Estônia em busca de uma nova vida e acaba se apaixonando por Maaria Saar, uma ativista dos Direitos Humanos. Com o início da guerra na Ucrânia, André decide se alistar como voluntário, enfrentando os horrores do conflito e o dilema entre o amor e o dever.
O Prêmio Candango, promovido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, tem como objetivo valorizar a produção literária em língua portuguesa e consolidar Brasília como polo cultural internacional. A segunda edição do prêmio recebeu centenas de inscrições de autores lusófonos, reafirmando seu papel como vitrine da literatura contemporânea.
Maurício Ribas, que já se destacou por sua atuação nas áreas de diplomacia e filosofia, celebra a indicação como reconhecimento à força da literatura engajada. “Este romance é uma homenagem aos que lutam não apenas com armas, mas com ideias e sentimentos. Ser finalista do Candango é uma honra que compartilho com todos que acreditam no poder transformador da palavra”, declarou o autor.
📚 A cerimônia de premiação está prevista para o final do ano, em Brasília, com presença de escritores, editores e autoridades culturais.
terça-feira, 5 de agosto de 2025
Foi divulgado na imprensa – LANÇAMENTO DE LIVRO "Turning Point" Até que ponto você mudaria a sua história?
Maurício Ribas reúne arte, reflexão e emoção em noite memorável no Espaço Nina em Curitiba, PR – Outubro de 2025
No dia 01 de outubro, o escritor curitibano Maurício Ribas lançou seu mais novo livro, Turning Point – Até que ponto você mudaria a sua história?, em um evento marcante realizado no elegante Espaço Nina, no coração de Curitiba. A noite reuniu artistas, intelectuais, representantes da sociedade civil e leitores apaixonados, que prestigiaram o autor em uma celebração de ideias, beleza e consciência.
A obra, publicada pela Editora Multifoco, é um convite à introspecção. Com linguagem poética e filosófica, Turning Point propõe uma reflexão sobre o tempo, a consciência e a beleza silenciosa daquilo que, mesmo imperfeito, é verdadeiramente nosso. É um livro que fala sobre a vida — não como ela deveria ser, mas como ela é, com suas curvas, pausas e revelações.
“Este livro nasceu da necessidade de olhar para dentro. É sobre os momentos em que tudo muda, mesmo que nada pareça diferente por fora.” – Maurício Ribas.
Maurício Ribas é escritor, advogado e ativista. Formado pela Escola de Diplomacia da Estônia, com especialização em União Europeia e Relações Internacionais, e pós-graduado em Literatura, Filosofia e Arte pela PUC-RS, Ribas é membro da Anistia Internacional e da ICAN, com atuação em causas humanitárias e pacifistas. Já publicou obras como Ingel Addae, Questões Polêmicas – Relações Internacionais e Glória aos Heróis.
📚 Onde encontrar:
Turning Point está disponível na loja da Editora Multifoco
Formato físico e eBook, bem como na Amazon e Google Play
ISBN: [978-65-987927-0-1]
📣 Contato para imprensa e entrevistas
E-mail: [mauricio.dc.ribas@gmail.com]
Instagram: [@mauricioribas.pr]
Site oficial: www.mauricioribas.blogspot.com
sexta-feira, 4 de julho de 2025
As duas coisas infinitas
Albert Einstein disse uma vez: "Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta." Trata-se de uma crítica mordaz de Einstein, à irracionalidade que frequentemente domina o comportamento humano. Para Einstein, que era judeu, o verdadeiro perigo não estava apenas nas forças da natureza, mas na capacidade humana de agir contra a razão, mesmo diante de evidências claras.
Prova disso, são os números oficiais em Gaza, que denunciam que 18.800 crianças, foram mortas pelas forças de defesa de Israel. Refletindo sobre a monstruosidade desses dados, me dei conta que se colocássemos uma criança sobre o ombro da outra, tendo cada criança em média 1,10 m, a altura total seria maior que o Burj Khalifa, 828 m, mais de 23 vezes; mais alto que o Monte Everest, 8.848 m, mais que o dobro; seriam quase 20 km de altura, algo que ultrapassaria até mesmo a estratosfera.
Santo Deus! Estes números são os oficiais, porém está claro que esse número pode chegar ao dobro ou mais, porque nestes números não constam as crianças desaparecidas, aquelas que possivelmente estão sob as milhões de toneladas de escombros de milhares de casas, prédios, escolas, universidades, bibliotecas, hospitais, destruídos por Israel, sob a alegação falaciosa e espúria do direito de defesa. Para aqueles que não sabem os limites da legítima defesa são repelir uma agressão injusta, atual ou iminente, contra si ou contra terceiros, usando moderadamente os meios necessários para se proteger. A legítima defesa não é licença para violência indiscriminada. Fora isso, é assassinato mesmo, – ASSASSINATO. Importante lembrar que até para a guerra existem limites, bem fixados pelo Direito Internacional e é preciso que se diga que Israel já ultrapassou todos, e por isso cometeu e está cometendo vários crimes de guerra.
Vou um pouco mais além e explicar aos idiotas de plantão, porque Israel comete crimes de guerra mesmo alegando o Direito de Defesa. No Direito Internacional, o direito de legítima defesa entre Estados está consagrado no Artigo 51 da Carta das Nações Unidas, e é uma das poucas exceções à proibição geral do uso da força nas relações internacionais. O que diz o Artigo 51 da Carta da ONU? Diz que: “Nada na presente Carta prejudicará o direito inerente de legítima defesa individual ou coletiva no caso de um ataque armado contra um Membro das Nações Unidas...”
Ou seja, um Estado pode usar a força militar apenas se for atacado primeiro, ou com autorização do Conselho de Segurança da ONU, no entanto, para que a legítima defesa seja considerada lícita, é necessário: Ataque armado prévio. A resposta deve ser urgente e inevitável, sem alternativas diplomáticas viáveis, no entanto a Carta fala da proporcionalidade, isto é, a reação deve ser proporcional à agressão sofrida. Pergunto:Onde está a proporcionalidade?
O governo israelense é sem qualquer sombra de dúvida, terrivelmente responsável por todas estas mortes de crianças em Gaza, sem falar nas mortes de homens e mulheres inocentes assassinados sem o menor escrúpulo. Neste exato momento, morrem centenas de civis, principalmente crianças, de fome, vítimas da desnutrição. A fome está sendo utilizada como instrumento de guerra. Os soldados da IDF, divertem-se atirando nos civis que atraídos pela distribuição de algum alimento, entram em filas aos milhares e são vítimas de atiradores.
Voltando a Einstein, essa crítica sobre a estupidez humana, não era gratuita. Einstein viveu em uma era marcada por guerras mundiais, genocídios, preconceitos e o uso destrutivo da ciência — como a criação da bomba atômica, da qual ele próprio se arrependeu de ter contribuído indiretamente. Ele compreendia que o conhecimento técnico, sem sabedoria moral, poderia ser fatal. Einstein previu sobre os nossos dias, onde o conhecimento é em grande parte desprovido de sabedoria moral. Mas não apenas isso. O que pensar de nossa espécie e dos rumos que estamos tomando? Onde está a humanidade — esse atributo que nos diferencia, ou diferenciava, de outras espécies? O mundo se cala diante dessas barbáries. No entanto, haverá um dia em que a justiça triunfará, e todas as lágrimas serão enxugadas. Palestina livre.
#LiteraturaDeResistência #PalestinaLivre
#MauricioRibasEscritor #ArtePorPalestina
#NarrativasRevolucionárias #EscritorMilitante
sexta-feira, 20 de junho de 2025
O que a história de Ruby Bridges conta sobre a humanidade e o problema com qual todos continuamos vivendo?
Imagine uma garotinha de apenas seis anos, caminhando com passos firmes entre uma multidão hostil, escoltada por quatro agentes federais. Essa é a imagem icônica de Ruby Bridges, a primeira criança negra a integrar uma escola primária de brancos no sul dos Estados Unidos, em 1960. Sim ontem, apenas 65 anos passados.
Ruby nasceu em 1954, no Mississippi, e cresceu em uma época em que, apesar da decisão da Suprema Corte americana de acabar com a segregação nas escolas, muitos estados do sul resistiam ferozmente à mudança. Quando sua família se mudou para Nova Orleans, sua mãe se voluntariou para que Ruby participasse de um programa de integração escolar. Ela foi a única entre seis crianças negras a ser designada para a Escola William Frantz.
No seu primeiro dia de aula, Ruby enfrentou uma multidão de manifestantes brancos gritando insultos racistas. Muitos pais tiraram seus filhos da escola, e todos os professores, exceto uma — Barbara Henry — se recusaram a ensiná-la. Ruby passou o ano inteiro tendo aulas sozinha com a professora, que a tratava com carinho e respeito.
A coragem de Ruby foi eternizada na pintura The Problem We All Live With (O problema com o qual todos vivemos) de Norman Rockwell, que mostra a menina em seu vestido branco, cercada por agentes federais, com pichações racistas e um tomate esmagado na parede ao fundo. Essa obra de arte me fez chorar, logo cedo e por isso escrevo essa crônica. Até quando vamos conviver com o racismo e a intolerância? Até quando continuaremos aceitando as injustiças?
Hoje, Ruby Bridges é uma ativista pelos direitos civis e pela educação, e sua história é um símbolo poderoso da luta contra o racismo e da força que uma criança pode ter diante da injustiça. Free Palestine!
domingo, 8 de junho de 2025
A literatura brasileira e a sua cara
Qual é a cara da literatura brasileira? Como estamos produzindo no campo fértil da literatura? Essas são questões de grande relevância porque tratamos de uma das mais poderosas armas de transformação de que dispõe a humanidade.
Em artigo na Folha de São Paulo de 07 de junho do corrente ano, que discute a predominância do conteúdo sobre a forma na literatura brasileira contemporânea, a autora, Walnice Nogueira Galvão, destaca o impacto do movimento social em torno da negritude, evidenciado na lista dos melhores livros do século. A Folha convidou cem pessoas para indicarem, cada uma, dez livros que não poderiam ficar de fora de uma seleção que reunisse o melhor da literatura brasileira do século 21. Ela observa que essa tendência se estende à ficção, ao ensaio e às artes, servindo como uma reparação simbólica aos males históricos da escravidão e sua emancipação problemática, o que eu concordo.
Entretanto, Galvão aponta um paradoxo: enquanto a temática da negritude domina, outros temas relevantes, como o feminismo, a cultura indígena e questões queer, aparecem de forma muito menos expressiva. Esse desequilíbrio levanta questionamentos sobre a influência dos editores e do mercado literário nas escolhas dos leitores.
Por fim, a autora sugere que essa ênfase excessiva no conteúdo pode estar desviando a literatura de sua natureza artística e experimental, aproximando-a do entretenimento, o que é uma lástima. Ela especula se essa mudança está ligada ao aumento do interesse pela biografia dos autores, em detrimento de sua obra.
A literatura, em sua essência artística e experimental, busca transcender o simples ato de contar histórias e se tornar um espaço de inovação estética e reflexão profunda. Segundo Walnice Nogueira Galvão, há uma preocupação crescente de que a literatura brasileira esteja se afastando dessa essência ao priorizar o conteúdo sobre a forma.
A literatura experimental, por exemplo, desafia convenções tradicionais, explorando novas estruturas narrativas, estilos e até formatos visuais. Autores como James Joyce e Virginia Woolf revolucionaram a escrita ao brincar com a linguagem e a percepção do tempo.
O risco de uma literatura voltada apenas para o entretenimento é que ela perde sua capacidade de provocar e desafiar o leitor. A experimentação literária permite que a arte se reinvente, criando novas maneiras de expressar ideias e emoções, isso é fundamental e necessário.
A verdade é que o Brasil nunca teve um escritor laureado com o Prêmio Nobel de Literatura, apesar de algumas indicações ao longo dos anos. Entre os brasileiros que já foram considerados para o prêmio estão Carlos Drummond de Andrade, Jorge Amado, Érico Veríssimo e Clarice Lispector.
Uma das razões apontadas para essa ausência é a falta de apoio institucional e reconhecimento internacional, a falta de apoio é uma vergonha, leva entre outras coisas à falta de reconhecimento. Diferente de países como a Noruega, França e Estados Unidos, o Brasil não tem uma tradição forte de promover seus escritores globalmente. Além disso, a língua portuguesa tem menos alcance internacional, o que dificulta a visibilidade dos autores brasileiros.
Outro fator mencionado é a falta de consenso interno. Segundo relatos, quando um escritor brasileiro é indicado, há pouca mobilização nacional para apoiá-lo, ao contrário do que acontece em outros países, perdoem-me dizer é o “complexo de vira-lata” e a inveja que predominam.
Também é verdade, que a literatura brasileira tem sido criticada por sua falta de conteúdo universal, além disso, há um debate sobre a posição do Brasil na literatura mundial. Alguns estudiosos apontam que a literatura brasileira ocupa um lugar periférico no cenário global e enfrenta dificuldades para se inserir em um discurso mais universal. A falta de um projeto amplo de interculturalidade literária no ensino também contribui para essa limitação, já que a formação dos leitores brasileiros tende a ser mais voltada para produções nacionais e menos para um diálogo com outras tradições literárias.
Por outro lado, há iniciativas que buscam ampliar essa perspectiva, como a literatura periférica, que desafia barreiras e propõe uma visão mais universal da experiência brasileira.
O conteúdo universal na literatura refere-se a temas que transcendem fronteiras culturais e dialogam com questões humanas amplas. Alguns exemplos incluem:
• Identidade e pertencimento: A busca por identidade, seja individual ou coletiva, é um tema recorrente na literatura mundial. No Brasil, autores como Machado de Assis exploraram essa questão em obras como Dom Casmurro.
• Conflitos sociais e desigualdade: A literatura brasileira frequentemente aborda desigualdade racial, social e econômica, temas que ressoam globalmente.
• Amor e relações humanas: As complexidades do amor, da amizade e da família são temas universais. José de Alencar e Clarice Lispector exploraram essas dinâmicas em suas obras.
• Memória e história: A literatura brasileira dialoga com eventos históricos e suas consequências, como a escravidão e a ditadura militar, conectando-se a narrativas semelhantes em outras partes do mundo.
• Natureza e meio ambiente: A relação entre o homem e a natureza é um tema global urgente.
A literatura tem um papel fundamental na provocação de reflexões profundas no leitor, indo além do entretenimento e estimulando o pensamento crítico. A literatura de reflexão é um gênero que busca explorar questões filosóficas, sociais e existenciais, levando o leitor a questionar suas próprias crenças e valores.
Algumas das principais características desse tipo de literatura incluem:
• Temas universais: A busca pela verdade, a moralidade, a liberdade e a solidão são questões que transcendem culturas e épocas.
• Narrativas desafiadoras: Obras como A Metamorfose, de Franz Kafka, e O Estrangeiro, de Albert Camus, fazem o leitor refletir sobre identidade e o absurdo da existência.
• Uso de simbolismos e metáforas: Autores frequentemente utilizam camadas de significado para enriquecer a experiência de leitura.
• Exploração da condição humana: A literatura pode ser um espelho da alma, ajudando o leitor a compreender melhor a si mesmo e o mundo ao seu redor.
A literatura que provoca reflexão profunda não apenas informa, mas transforma. Ela desafia percepções, estimula o autoconhecimento e pode até influenciar mudanças sociais.
Por último gostaria da abordar a questão da forma que segundo a autora falta na literatura brasileira, pois prioriza-se mais o conteúdo. A forma na literatura refere-se à maneira como uma obra é estruturada, estilizada e apresentada artisticamente. Enquanto o conteúdo trata do que é dito, a forma se preocupa com como isso é expresso. Alguns elementos essenciais da forma incluem:
Estilo e linguagem: O uso de metáforas, simbolismos, ritmo e sonoridade na escrita.
Estrutura narrativa: A organização dos eventos, como narrativas não lineares, fluxo de consciência ou múltiplas perspectivas.
Experimentação estética: Inovação na construção textual, como o uso de fragmentação, poesia visual ou jogos de palavras.
Trabalho com o significante: A preocupação com a materialidade da linguagem, indo além do significado imediato das palavras.
É isso, é arte, a literatura de ficção é um instrumento de transformação, um poderoso instrumento, temido, amado e odiado, não é à toa que livros foram destruídos por regimes autoritários em diferentes épocas e ainda são. Além do que em nossos dias as tentativas ou a consumação de censura tentam eliminar aquelas obras tidas como mais nocivas para o sistema. Não é à toa que sociedades desiguais mantem modelos educacionais que não valorizam a literatura, não incentivam crianças e adultos a lerem, antes os condenam a uma vida de analfabetismo ou analfabetismo funcional com modelos educacionais aviltantes, portanto bem distante dos livros.
É preciso que se diga e repita e se combata a triste realidade brasileira. Em nosso país a desigualdade socioeconômica, leva a uma grande disparidade no nível de leitura entre jovens de alta e baixa renda. “A OCDE aponta que a capacidade de leitura dos jovens brasileiros é fortemente influenciada pelo status socioeconômico”. (OCDE. Relatório de educação, Paris: OCDE, 2023), não sem razão, o baixo nível de ensino das populações mais pobres e a falta de incentivo à leitura, fazem da questão uma questão estrutural, o que vou chamar de “aliteratura” ou “anliteratura” estrutural.
Esses dados reforçam a tese que defendo de que a literatura de ficção serve para transformar o ser humano e que o ser humano uma vez transformado, transforma o mundo. Por isso ela é temida, porque nos faz pensar, constrói o conhecimento, a literatura de ficção transforma as nossas certezas em incertezas, abala nossos alicerces, provoca nossa reflexão, faz perguntas muito mais que dá respostas, faz-nos refletir sobre a vida e o seu sentido, mexe com os nossos preconceitos, desconstrói nossas convicções. Eu me atrevo a dizer que a tese de Paulo Freire que afirma que o conhecimento não deve ser passado, mas construído no aluno, central em sua pedagogia, ou seja, um processo dialógico e participativo, onde o aluno é um sujeito ativo na construção do conhecimento, pode ser aplicado no entendimento do processo da literatura de ficção. O livro dialoga com o leitor, da mesma forma que Freire suscita que o professor deve dialogar com o aluno para que o aprendizado ocorra de forma interativa, porque o livro é problematizador que não transforma o leitor em um recipiente vazio a ser preenchido, como Paulo Freire critica na forma de ensino convencional. Viva a literatura brasileira e a sua capacidade de se reinventar, o que é urgente.
sexta-feira, 6 de junho de 2025
Gaza precisa de nós Agora! Gaza needs us NOW!
"The humanitarian crisis in Gaza has reached an unbearable level of suffering. Children cry out for food, families are torn apart, and hope fades with each passing day. The president of the International Committee of the Red Cross declared that Gaza has become 'worse than hell on Earth'—yet the global response remains insufficient.
This is not just a conflict. It is an unprecedented humanitarian disaster. We need urgent international mobilization to ensure an immediate ceasefire, unrestricted humanitarian aid, and the protection of fundamental rights for the Palestinian people.
Every voice matters. Share, protest, demand action from world leaders. Together, we can stop this tragedy from continuing. Gaza needs us NOW!"_
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